sábado, 10 de julho de 2010


Todos os dias acordo e tenho que levar com a minha figura ridícula reflectida no espelho. "Espelho meu, haverá alguém mais feio do que eu?" Pergunto-me. Duvido. E é assim que digo "Bom dia" ao mundo, sem ânimo algum, e me preparo par mais um dia cinzento e vazio, apesar do sol radiante que está. Se for na verdade o que eu sou, só farei a todos mal. Porque a vida é vivida lá fora, além dos meus limites. Perco-a no abismo. Por mais que a veja, por mais cores que tenha, não consigo tocar-lhe. É bom quando a consigo ver através dos meus limites ténues. Mas este sentimento é efémero. Porque logo volto à realidade da minha escuridão, do vazio e do silêncio que me invade. Por isso prefiro estar sempre assim, neste estado de latência, de hibernação constante.
Refugio-me no nada, porque o que me invade, é nada! Eu sou nada! Toda eu sou isso mesmo - nada!
Quem me dera poder fartar-me de estar assim! Quem me dera poder deixar esta melancolia que a todo o tempo me invade e não sei de onde vem! Mas, paradoxalmente, é por possuí-la, que ainda sinto que "existo".

Deixem-me ser abraçada pelo nada, que para mim é tudo!
Deixem-me ser levada pelo labirinto medonho, como se fosse uma folha à deriva, que o vento vai levar na direcção correcta! Porque sim! Porque a minha direcção é a oposta à que chamam de "vida".

Mas eu não posso querer morrer, porque eu não existo. Sou uma ilusão.

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